A falta de motivação e alinhamento dos colaboradores pode custar milhões às empresas.

A falta de motivação e alinhamento dos colaboradores pode custar milhões às empresas. Há estudos que o quantificam. Num mundo cada vez mais digital, a solução pode estar em conceitos que fazem parte do léxico diário da maioria de nós. É essa a proposta da GFoundry e da Bearing Point.

POR: Ana Leonor Martins | FOTO: Nuno Carrancho

Segundo dados da Achievers, apenas 21% dos colaboradores reportam estar altamente empenhados no trabalho. Os restantes estão lá pelo salário ao fim do mês e limitam-se a fazer o suficiente para não serem despedidos. Esta complacência tem custos, que são quantificáveis.

A Gallup revela que os colaboradores desmotivados têm 37% mais absentismo, 18% menos produtividade e 15% menos rentabilidade. Quando isso se traduz em euros, vemos o custo de 34% do salário anual de um colaborador desmotivado, ou três mil euros por cada 8900 euros que ganharem. Os números são referentes à realidade norte- -americana e revelam quanto custa, realmente, um colaborador desmotivado.

Num artigo para a Forbes, a psicóloga organizacional Karlyn Borysenko concretiza. O salário anual médio norte- -americano situa-se nos 42 mil euros. Ora, 34% de 42 mil euros é 14 280. Esse é o custo de um único colaborador desmotivado, quase 15 mil euros por ano. Aplicando a fórmula a uma organização inteira, se considerarmos um negócio médio que emprega 250 pessoas, e se usarmos os dados do Achievers, chegamos à conclusão que 198 colaboradores estão desmotivados. Tendo como referência o salário médio, essa desmotivação custa à empresa mais de três milhões de euros por ano. Assustador?! Há que não ser complacente também.

Um primeiro passo para resolver o problema, será reconhecê-lo e tomar medidas. E, depois, envolver a equipa. Mas, ainda de acordo com Karlyn Borysenko, parte do problema é que muitos gestores e líderes deixam muito a desejar no que toca a pedir, ouvir e responder ao feedback dos colaboradores. Tão importante como pedir feedback, é mostrar uma mudança real. Agir sobre os resultados e não escondê-los. Tudo isto exige tempo e recursos, mas o investimento será sempre menor do que 34% do salário anual dos colaboradores desmotivados. Por outro lado, de acordo com a Gallup, mais de 70% dos esforços de transformação falham por falta de engagement e resistência à mudança cultural, sendo que 24% dos colaboradores estão activamente disengaged, 63% estão não engaged e só 13% estão activamente engaged. Mudar esta realidade é o desafio das empresas.

Uma solução, quatro vertentes

Com a consciência destes números, e do impacto que têm no desempenho das empresas, a Bearing Point e a GFoundry estão já a trabalhar, conjuntamente, no desenvolvimento de alguns projectos que vão mexer nas bases de algumas organizações e torná-las mais eficientes do ponto de vista da gestão do engagement e talento dos seus colaboradores.

João Carvalho, co-fundador e CEO da GFoundry explica que esta plataforma foi «criada para dar suporte às empresas, ajudando a iniciar ou suportar processos de transformação digital, através da “diversão” da Gamification, da “influência” do Social, a “disponibilidade” do Mobile, e os “insights” do Analytics, para criar uma experiência simples, intuitiva, poderosa e gratificante, para colaboradores e clientes. Os módulos da GFoundry, totalmente customizáveis, abrangem diversas áreas, da formação ao reconhecimento, passando pela avaliação de desempenho, até à promoção da inovação. E contribuindo não só para a captação mas, sobretudo, para a retenção de talento.

Esta plataforma pretende «revolucionar a forma como as empresas motivam e promovem um maior engagement nos seus colaboradores», garante Manuel Lopes da Costa, managing partner da Bearing Point, que faz notar que, «para as novas gerações que estão a entrar no mercado de trabalho, os jogos fazem parte do seu dia-a-dia, cresceram com o Call of Duty, o Fortnite ou o SimCity, e por isso não se pode motivar estas pessoas com argumentos dos anos 70, até porque a tecnologia disponível é diferente. Antes, as pessoas encontravam nas empresas tecnologia muito superior à que tinham em casa. A agora não. E por isso entram no mercado de trabalho e não esperam que o onboarding seja feito com a entrega de livros para ler sobre a missão, os valores e os objectivos estratégicos da empresa», diz. «A geração que está a sair da faculdade é altamente dinâmica, híper-conectada, gostam de desafios e de pontuações. Isso deve ser usado nas empresas para criar engagement, sentimento de pertença e potenciar o conhecimento sobre a organização. Esta plataforma usa uma linguagem a que estes talentos estão habituados e promove uma competição sã.»

Sendo uma solução em que todos os módulos podem ser parametrizados, adicionados ou removidos, de acordo com o formato que melhor se aplique à realidade da empresa, é aqui que entra a Bearing Point, cujo papel é conhecer a empresa, os desafios que enfrenta, os KPI (key performance indicators) que quer melhorar e que objectivos pretende alcançar. Com base nisso é que se desenha o projecto. Aliado a esta consultoria estratégica, são definidos os conteúdos e assegurado um plano de comunicação, tal como o acompanhamento, após a implementação. «É uma solução integrada», afirma João Carvalho.

Como funciona?

No fundo, aquilo a que a plataforma GFoundry (gfoundry.com) se propõe é transformar e capacitar organizações, recorrendo à gamification como ferramenta estratégica de gestão. O jogo, «através da motivação para competir, poder melhorar e superar barreiras, e ser instantaneamente recompensado, impulsiona o engagement», garantem. As acções automatizadas, com conteúdos e contextos personalizados, missões e desafios para executar, informação de progressão, reconhecimento regular, feedback contínuo e instantâneo e recompensa, visam assim motivar as pessoas para atingir os objectivos, formar e treinar continuamente, e resolver problemas.

Para além dos temas mais da área da Gestão de Pessoas, como o onboarding, a formação e desenvolvimento, a avaliação de desempenho ou o reconhecimento, esta plataforma também potencia a performance das equipas comerciais, por exemplo, ajudando a conhecer melhor os produtos e serviços e aumentando o nível de motivação e engagement, através da criação de equipas que possam competir entre si, criando desafios, individuais ou de equipa. Os colaboradores vão receber pontos e a empresa feedback do desempenho das equipas, com relatórios detalhados, que vão permitir identificar eventuais acções correctivas necessárias.

Vejamos um exemplo concreto dos benefícios da plataforma GFoundry, no que respeita a desafios operacionais no âmbito da formação e desenvolvimento de competências:

  • Processos formativos são poucos interactivos e longos: a gamification vai fomentar o conhecimento via micro-aprendizagem, garantindo que os colaboradores da organização adquirem os conhecimentos através de uma lógica de repetição, com conteúdos formativos interactivos com recursos a imagens, sons, etc;
  • Pouca receptividade dos colaboradores a novas formação: a possibilidade de criar equipas e pertencer a tribos, que podem competir entre si, vai aumentar o nível de engagement dos colaboradores;
  • Baixo incentivo para completar as formações: poder desafiar os colegas para “batalhas” em lógica de quiz relativamente aos tópicos da formação vai aumentar a motivação;
  • Difícil de garantir a mudança de comportamentos: através da plataforma, ao completar formações vai ganhar-se pontos que permitem comprar recompensas (existe uma moeda virtual que se pode trocar por telemóveis, por dias de férias extra, por um fim-de-semana no Algarve, ou até contribuir para causas sociais, por exemplo), ganhar badges de reconhecimento e ser um top player nos rankings individuais, de equipa ou tribo;
  • Cada desafio numa organização é encarado como uma “journey”, que será um caminho desenhado no sentido de encaminhar o colaborador por uma série de etapas que o levarão do ponto A ao ponto B, passando por outras que se julguem necessárias. Numa etapa, pode ser usado qualquer um dos módulos da suite GFoundry, e ter vários objectivos que terão que ser concluídos com sucesso para o colaborador poder passar para a etapa seguinte.

Numa primeira fase do projecto (tempo estimado de duas semanas), é feito o desenho e determinação da journey que se pretende gamificar, e respectivos objectivos a alcançar. Serão igualmente identificados os indicadores que serão usados para medir o sucesso do desafio proposto. Ou seja, vai definir-se a melhor estratégia através da avaliação das necessidades e identificação dos comportamentos a alterar; definir metas e métricas de desempenho; desenhar a solução, definir timings, os desafios e as dinâmicas; e criar a narrativa e produzir o design gráfico.

Na segunda fase (tempo estimado de quatro semanas), é feita a customização da journey anteriormente identificada, incluindo o seu lançamento em produção e monitorização dos resultados alcançados.

Já na terceira fase (de três meses a 12 meses, dependendo do tipo de desafio), é iniciado o lançamento faseado e monitorização de resultados, de forma constante, em que se vão medindo os KPI acordados e fazendo ajustes sempre que necessário para que a curva de interesse dos intervenientes não decresça e não faça as pessoas abandonar a iniciativa.

Medir o pulso à organização

Outra grande vantagem da plataforma GFoundry em termos de Gestão de Pessoas é permitir “medir o pulso” à organização, através de perguntas regulares, incidindo sobre várias temáticas e KPI, e ter, assim, uma espécie de “termómetro do engagement” dos colaboradores, perceber a evolução, encontrar debilidades e agir de acordo. «Não acreditamos nos inquéritos em que, uma vez por ano, o director de Recursos Humanos anda a chatear toda a gente para responder», diz o responsável. «A nossa plataforma permite, todas as semanas, ou todos os meses, através de perguntas curtas e simples, perceber a motivação dos colaboradores, quais os temas mais prementes na organização, e fazer um historial, percebendo a evolução e tendências, e, também fazer benchmark, não só com a sua indústria, mas a nível mais generalizado.

As respostas são anónimas, para assegurar o “à vontade” nas respostas», ressalva.

João Carvalho destaca também a importância que assume o reconhecimento directo dos colaboradores, «que, através da plataforma, é muito fácil. Posso dar medalhas, qualificações ou fazer comentários», explica. «E isso pode ter uma tradução material. Por exemplo, que acumular x pontos tem direito a uma viagem. Quem reconhece também pode ser recompensado. Não podemos esquecer actualmente se “vive” no facebook e no instagram, a fazer likes uns aos outros; as empresas devem aproveitar isso. Pode parecer inócuo, mas se um colega me estiver a ajudar num trabalho até às duas da manhã e depois o puder reconhecer publicamente por isso, e ele também ser recompensado, pode representar muito.»

A GFoundry também incentiva a comunicação. «As empresas já não se podem limitar às caixas de sugestões», alerta o CEO da GFoundry. «Acaba por abranger, quase transversalmente, os temas mais relevantes da Gestão de Pessoas, usando, como já foi dito, uma linguagem actual, com a qual as pessoas se identificam. A competição é quase inerente à condição humana, todos gostamos de ser reconhecidos e recompensados.»

Os desafios a que as empresas que têm procurado esta solução querem dar respostas são diversificados. João Carvalho partilha: «Um cliente queria saber, de todos os items que produzia, qual o seu produto mais inovador. Usou a “voz” interna de milhares de colaboradores e usou o módulo de “comparações” para eleger o seu produto “estrela”. Outra empresa, portuguesa mas com a maioria da sua força de trabalho composta por jovens estrangeiros, das áreas das matemáticas aplicadas e engenharia, tinha o onboarding como um desafio porque, com tantas nacionalidades, não queriam que a cultura da empresa se perdesse.»

«O mais importante – reitera o responsável – é perceber qual o problema de gestão que a empresa pretende ver resolvido, seja de Recursos Humanos ou outro. No fim, o objectivo é que haja um maior engagement dos colaboradores, gerar comportamentos de lealdade com a empresa e de respeito e entreajuda com os colegas. E os nossos colaboradores têm vindo a receber esta solução muito bem.»

João Carvalho conclui: «As empresas têm tentado resolver estes problemas de que aqui falámos, usando manuais ou soluções avulso, e o que esta plataforma oferece é uma solução integrada, que dá resposta a diversos desafios das organizações modernas, muitos deles motivados pela transformação digital, que tem muito mais a ver com pessoas do que com tecnologia; ou seja, pôr a tecnologia ao serviço das pessoas.»

Leia o artigo completo da Human Resources Portugal aqui!

João Carvalho, Co-Fundador e CEO da GFoundry (à esquerda) e Manuel Lopes da Costa, managing partner da Bearing Point.

Solução GFoundry

  • Gamification: Processo de utilização de mentalidade e mecânicas de jogo para resolver problemas e envolver os utilizadores.
  • Social: Dar às pessoas mais autonomia de comunicação e um ambiente que lhes permita sentir-se parte de uma comunidade maior, numa base consistente. Permite criar um perfil A e B – mostrando um contexto mais profissional e outro mais pessoal –; tribos, associando os colaboradores de acordo com interesses semelhantes –, e fazer batalhas, dando resposta à “necessidade” de competição, comparação entre pares e recompensas.
  • Mobile: Poder de capturar a atenção, quando e onde é mais conveniente, para empregadores e colaboradores. O acesso aos conteúdos e a todas as dinâmicas é potenciado através de smartphones e as apps nativas afirmam-se, por si só, como uma importante ferramenta de comunicação interna nas empresas.
  • Analytics: Dar a conhecer os números e os dados por de trás das dinâmicas implementadas para auxiliar as futuras tomadas de decisão.

Diferentes módulos que criam soluções integradas

Cada módulo de plataforma pode ser ligado independentemente, mas todos comunicam entre si para permitir uma estratégia integrada e a criação de diferentes soluções!

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